Em Marcos 10:17–31, encontramos o conhecido relato do jovem rico, um homem cheio de virtudes, posses e aparente religiosidade, mas que, ao encontrar-se com Jesus, sai triste. O texto mostra que a verdadeira pobreza não está na falta de bens, mas na ausência de entrega total a Cristo. Ele observava mandamentos, tinha moral exemplar, mas ainda faltava algo essencial: um coração rendido ao Senhor.
Jesus o amou e, em amor, revelou seu ídolo: o apego às riquezas. Ao pedir que vendesse tudo e o seguisse, Cristo não estava impondo um teste material, mas apontando para a necessidade de renunciar à autoconfiança e à idolatria do dinheiro. Quantos, como esse jovem, vivem de aparências, frequentam os cultos, mas guardam pecados secretos, protegidos no coração?
O evangelho mostra que o amor de Deus não é complacente, mas transformador. Ele revela o pecado não para envergonhar, e sim para curar. O verdadeiro arrependimento não é apenas remorso ou consciência ferida — é metanoia, mudança de mente que gera novos frutos. Assim, Cristo nos convida a abandonar o que ocupa o Seu lugar e experimentar a alegria de uma vida liberta pela graça.
Durante a Ceia do Senhor, somos chamados a esse mesmo exame: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo” (1Co 11:28). A ceia não é para os perfeitos, mas para os arrependidos. Que cada um de nós, confrontado pelo amor de Cristo, possa deixar os ídolos do coração e se render completamente a Ele, reconhecendo que a verdadeira riqueza está em seguir o Salvador.